terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Vo(ando)

          Ela tinha certezas em suas mãos, caminhava rumo a 'felicidade' que imaginava sonhar. Mas a vida vai misturando estradas que a gente não entende, apenas segue. E, o amor começou a apertar o laço, e a desenhar no rosto dela um coração que não era o seu, a esperar atitudes que não viriam dela, a desejar que ela se tornasse alguém que ela não era. A moça foi cedendo, um detalhe aqui e outro ali não fariam diferença não é mesmo? É apenas um detalhe, dois, três ... Um dia os 'detalhes' começaram a definir quem ela se tornou ou quem devia ser, ela se olhou no espelho e o reflexo que a olhava friamente, não chegava nem perto de quem ela imaginou um dia ser, então ela teve que tomar uma decisão...
           A moça mergulhou dentro de si a procura de respostas, e viu que aquelas certezas não eram suas, ela viu que odiava certezas, que queria mesmo era a liberdade do voo, ela queria voar. Tentou organizar a casa, percebeu que havia deixado de lado as incertezas que ela amava tanto, as artes, as palavras, a música... Decidiu trocar as certezas dos outros, as expectativas depositadas nela, pelas suas incertezas que estavam empoeiradas num canto do seu quarto: pelo voo. Essa foi a decisão mais difícil que tomou durante seus vinte e poucos anos de vida. Ela levantou e foi... riscou algumas palavras, arrancou umas páginas do diário que falavam sobre sonhos, projetos de um futuro a dois, o plural não existia mais. Ela mudou o guarda roupa, trocou o perfume, tatuou uma frase pra nunca esquecer quem era. Cortou os cabelos, haviam dito que ela precisava mudar. Depois de chorar muitas e muitas lagrimas, enxugou o rosto, levantou a cabeça e viu que realmente precisava mudar, mas não da maneira que pediram, ela precisava mudar pra ser exatamente a pessoa que ela era. E foi isso que ela fez, ela foi lá e mudou, foi lá e cantou, foi lá e voou!

Débora Kelly