Acredito que todos têm uma missão em comum: a
de amar e espalhar amor pelo mundo. Cumprir essa missão nos realiza. A forma
que encontrei de cumpri-la foi cantando: cantar faz com que eu acredite em
todas as coisas boas da vida, faz com que eu pense que de, alguma forma, somos
capazes de mudar o mundo e o estamos melhorando através da música, mesmo que
esse “mundo” seja apenas o meu, e o de quem me ama. Para mim já é o bastante,
já é suficiente alcançar o mundo de alguém. A música é magia, é a realização
dos sonhos mais irrealizáveis, é sal e luz, é vida. E enquanto se canta,
pode-se ser quem você quiser ser, e chegar onde você sempre sonhou.
A
música ecoa e nos torna infinitos. E são esses instantes, em que nos tornamos
infinitos, que fazem todas as lutas valerem a pena, todos os ensaios, os pesos,
apertos, as quedas, tropeços e desencontros: fazem a vida ganhar sentido, e nos
dão sentido de ser e estar.
Nesses instantes de infinitude, os quais a
música me proporciona, consigo sentir a minha missão, em função do amor, sendo
cumprida e, por isso, ouso afirmar que todo mundo tem, ou pelo menos deveria
ter, uma coisa onde se sinta infinito e é a partir disso que espalharemos o
nosso amor pelo mundo, pois o nosso ponto de infinitude mostra a cor da nossa
essência. Se você ainda não encontrou nada que o estenda, e o ligue ao
infinito, corra e descubra, se descubra e o faça de propósito.
Percebo a mistura de dons e essências ao
observar os amigos que tenho, pessoas com as quais Deus me presenteou e que me
ensinam a ser alguém menos pior durante essa jornada. Meus amigos me ensinam o
quanto é bom conhecer o outro, amar, aprender a ver a vida, e também a minha
vida, através de outros olhos, enxergar o que sozinha eu jamais conseguiria
ver. Através do infinito particular de cada um existe uma imensidão de
possibilidades: uns nasceram para escrever, outros preferem a oratória, já
outros tem o dom a “escutatória”, como diria Rubem Alves. Alguns distribuem amor
com o sorriso ou um abraço, alguns nasceram para nos fazer sorrir, outros têm a
arte no corpo. Tem, até, gente que acha que não nasceu para nada, mas que, sem
imaginar, faz toda a diferença no mundo pelo seu jeito de olhar com esperança
para estrada e registrar essa esperança
. Da mesma forma que ninguém possui todos os
dons, ninguém nada tem. Todos temos uma missão que nos leva ao amor e não
devemos desistir dela. Às vezes pausas são necessárias, junto de lágrimas nos
ombros dos nossos para regar as vitórias que virão na busca de encontrar esse
algo que nos fará infinitos, nos fará amor. Talvez eu já tenha encontrado meu
infinito particular, o meu ponto de partida que, por ser infinito, jamais
faltará o que buscar. E, todas as vezes em que eu canto e posso olhar para o
infinito que é o céu, o faço e esse olhar estende-se infinitamente e
transforma-se em oração (ou uma canção) que se repete todas as vezes em que eu
penso em desistir, em que eu digo pra mim mesma e pra você também: não desista,
sorria e acredite, o melhor sempre está por vir!
Débora Kelly
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