Estou extasiada, procuro palavras para definir a gratidão e
felicidade que sinto, mas não as encontro, elas não são suficientes para
expressar a imensidão de sentimentos aqui, mas permaneço tentando.
Esse final de semana foi mágico! Lutar por aquilo que a
gente acredita e ver os sonhos tomando forma me trava a garganta, acelera o
coração e ilumina meus olhos. Ver o movimento de uma comunidade inteira na
direção dos mesmos sonhos que partilhamos, me toma todas as palavras, esgota
minhas definições e eu me transformo por inteiro na palavra que mais se
aproxima de definir o que sinto: gratidão.
O processo é pesado, a vida é dura, a luta na lida é diária,
e a gente se cansa, somos humanos, imperfeitos, frágeis. Quantas e quantas
vezes já pensei em desistir? (e quantas vezes ainda pensarei?)... a imperfeição
e fragilidade inerentes a minha condição humana não me permitem ser forte
sempre, mas a misericórdia do amor é tão grande, que me conhecendo, sabendo minhas
fraquezas, diariamente me mostra na poesia da vida inúmeros motivos para que eu
continue sonhando, e me ensina que vale a pena sim lutar por esses sonhos.
Eu observei grata cada detalhe preparado, olhei no rosto de
cada pessoa que trabalhava conosco e me emocionei durante todo o desenrolar da
organização dessa festa que coroa nosso primeiro sonho. Durante o processo,
trabalhamos muito, e em meio a sacos de lixo, poeira, limpeza, cuidados com
decoração, som, barracas, enfim, toda a correria da preparação do evento, eu
refletia sobre a importância de estar no chão antes de subir ao palco, de
observar e reconhecer quem fez parte do processo, quem apostou nesse sonho
conosco. A importância de abrir o coração e os olhos, ser humilde e cuidadosa
ao depositar confiança, ser humilde, trabalhar e confiar na certeza que o
melhor virá. Ser humilde!
Se a gente não participa do processo, não limpa o chão antes
de subir ao palco, não damos valor a luta e as pessoas de verdade que lutaram
também. Não teremos a noção do quanto é difícil realizar sonhos como esse e
esqueceremos de onde viemos, quem somos, esqueceremos da importância da
humildade.
E, quando observei o trabalho pronto, fechei os olhos e
agradeci. A Deus, as pessoas que me enchem de amor e de bons sentimentos, me
ajudam a acreditar na humanidade, me ensinam a ser alguém melhor. Agradeci por
todo o cuidado que recebo de todos os lados e de todas as formas. Agradeci até
pelas coisas que deram ‘errado’ lá atrás, porque só depois daquelas dores eu
aprendi a valorizar os sorrisos de hoje. Agradeci e vou continuar agradecendo.
Antes de subir ao palco, passou um filme na minha cabeça.
Todos os ensaios, as dores, as coisas que abdiquei para estar ali, a ausência
na vida de alguns, as ausências que ainda virão, a solidão que senti e que
ainda sentirei, as horas difíceis em que pensei em desistir... mas quando
comecei a cantar e olhei pro céu, vi os que me amavam me apoiando ali no céu. E quando
olhei para o que me amavam aqui, pude ver e sentir o céu no olhar e no amor que
cada um deles emanava para mim.
E tenho duas coisas a dizer: naquele instante tudo vale a
pena!
Obrigada!
Débora Kelly
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